quarta-feira, 27 de junho de 2018


A primeira revolução industrial de fato começou há 300 milhões de anos. 


Nas brumas do carbonífero a terra antes nua foi sendo vestida com a maior malha industrial de todos os tempos. Rasgando o horizonte de uma Terra sem homens se ergueram as chaminés da mais complexa usina de energia já desenvolvida no planeta.. Triste daquele que enxerga na árvore um esteio inerte, apático e imóvel no tédio de sua estagnação. Injustiça atroz! 


Na cepa altiva dos arvoredos vejo a robustez de uma fábrica dotada com chaminés estrondosas que cospem suas lâminas de fumo resultantes dos processos de transformação operados por um sistema mais complexo e profundo que o de qualquer manufatura. A relação entre um chão de fábrica moderno e os paus fotosintetizadores é explicita!! Chegamos ao ponto de plagiá-los mas, sem o mesmo lirismo. 

Siderúrgicas e galpões transformadores se alimentam com hordas de caminhões e locomotivas que ali despejam seus insumos a serem processados em linha de produção. De lingotes à toneladas de concreto cinzento. Dos fétidos barris de diesel aos fardos de plástico em tubos. Dos encardidos carregamentos de minério às cargas de têxteis.....Nada disso se compara com a derradeira e etérea matéria prima que as fábricas vegetais cooptam: a luz. Três meras letras traduzem a pureza do inefável insumo que ao invés de modais rodoferroviários chega até elas no resplendo de um raio solar. =*



Pelos tecidos arbóreos, batalhões de cloroplastos se articulam em tarefas operacionais de transformação tão eficientes quanto operários humanos que atendem aos apitos da firma. Um turbilhão de atividades se encerra dentro das ramas aparentemente estáticas que na verdade, fervilham ante a fosforilação de moléculas empenhadas em gestar as adenosinas trifosfato. 



Por mais avançadas que sejam nossas fábricas, nada se compara ao poder das indústrias arbóreas em converter a matéria inorgânica, inerte e basal em elaboradas cadeias moleculares de estrutura orgânica. A alquimia industrial disso não gera bens de consumo supérfluos e fúteis mas, a base de consumo de toda cadeia ecológica junto do vital ar do qual nos nutrimos. As chaminés de fábrica expelem fuligem asquerosa em baforadas de monóxido enquanto as chaminés de tronco transpiram no farfalhar de folhas névoas incolores, insípidas e fresca de oxigênio manufaturado. Produzir o orgânico a partir do inorgânico embebido com raios cósmicos de luz é mais do que alquimia; é magia ornada por um véu de poesia. 



Foi o propagar das matas que nos trouxe as mais primordiais e excelentes fábricas dotadas de chaminés e não a revolução industrial nos idos de 1700. Um Pólo Fabril em Manchester é mero engenhozinho se comparado à industriosidade da mata virgem antes ali existente. Provavelmente, foi a capacidade dos britânicos em reconhecer o papel pioneiros das árvores na transformação em larga escala que os permitiu nomear a palavra “Usina de Força” como: Power Plant. O poder vegetal é realmente o que melhor define a inspiração de sua empreitada. 

P.S ...........
Uma semente que repousa na palma das mãos tem a primazia do design em uma forma perfeita na funcionalidade e incomparável na capacidade de compressão. É uma bela capacidade de se dimensionar pelos extremos. Da sequoia colossal à semente que a produz trilham-se centenas de metros de intervalo. O potencial da sequoia se encerra no grão de 4mm em altura.

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