segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Virada de Anno Novo em 2010. Indo para Brasília

Minha primeira viagem como mochileiro foi em 30 de dezembro de 2010. Marchei para o coração do planalto, para conhecer o sonho concreto de Niemeyer que se fez armado no coração do sertão. E ainda por cima, sozinho. Enquanto curtia minha insônia no onibus que cruzava a 040 mergulhado em horas e horas de chuva peguei meu bloco de notas e escrevi minhas reflexões sobre o momento.. Só agora tenho tempo de postá-las aqui.. Abaixo segue o texto , diário de bordo datado de 30/12/2010,,


Quinta feira, 30 de dezembro | 2010

Escrevo com certo desnorteio. Hj deixei de lado minha paranóia de prudência  e planejamento para fazer algo totalmente impulsivo. Ainda não me caiu a fichA . A impressão é de que tudo à minha volta, pelo fato de estar acontecendo deveras rápido ou com intensidade demais seja a moldura  momentânea de um sonho.  Tudo aconteceu tão rápido que ainda não me dei conta de que o bilhete amassado na minha mão em instantes me levará para além de  700 km longe de casa. Para o meio do  planalto com o mínimo de planejamento. Sem reservas de hotel, nem programação, nem nada.

Por mais que isto pareça insensato, a minha cabeça martela dizendo que insensato é não viajar.
Em 10 horas estarei no coração de um  continente , na geratriz da pátria.

Por mais que minha decisão pareça impulsiva ela não o é.  A arte dos contornos e a plástica dos desenhos sempre mE despertaram  paixão.  Durante tantas  e tantas vezes em que vi Niemeyer declarando sua atração pela curva eu conseguia sentir o orgasmo de sentidos que ele tentava expor nesta ideia. Tornei-me  fã. Um adimirador, seja viajando nas sinuosas linhas que via nas aulas de historia da arte, seja  nos contos memoraveis de João Amilcar Salgado. Que diga-se de passagem, nunca omite o Jucelinismo da essência de Minas.

A saga da invenção do plnalto central sempre me facinou. Conheci a historia de cada prédio, aprendi sobre o conceito  de cada linha  traçada no plano piloto  mesmo sem ainda tê-lo  conhecido de perto. Hj o desejo disforme  de um dia tocar as curvas  de Brasília  deixou de ser desejo e se tornou ousadia.

Nada mais adequado. Da mesma forma que o ímpeto de JK eu me aventuro pelo horizonte, sem medir os esforços ou escutar o Velho do Restêlo.  A certeza q tenho é a de que seguirei caminhando para conhecer o caminho. São exatamente 19 horas. Estou a meia hora  de embarcar para Brasília a fim de conhecer a alma desta invenção da ousadia.




sábado, 15 de setembro de 2012

Noite Branca?

Ser cristão não é fácil. Ser budistas tambem não. As duas crenças  tem um profundo apego pela ideia de compaixão e fraternidade diante o outro. Infelizmente, tal fundamento no cristianismo  converteu-se mais em retórica. De qualquer maneira é importante percebermos o quanto é dificil praticar tais sentimentos que as duas religiões aqui citadas tanto pregam.
Hj não é um dia fácil para mim. Afinal, os dias felizes são os menos propícios para termos inspiração poética. Cheguei em casa após me sentir desmerecido. É triste  ficar durante a semana inteira levantando uma muralha de expectativas que depois se desmorona em uma implosao descepcionante.  Mas enfim, foi isso que aconteceu. A sexta que tanto prometia se converteu em uma madrugada melancólica. Terminei a tao esperada noite caminhando sozinho por entre as ruas escuras de um bairro onde se ouve o galo cantar às 5 da manha.
Caminhar para mim é um bom exercicio para a mente.  Reflito sobre a vida enquanto ando. É nestas reflexões que percebo o quanto o desafio da vida nos impoe sacrifícios. Com certeza os pensamentos odiosos são mais fáceis de brotar. Tambem ´emuito mais facil pensarmos nas vinganças , das mais variadas formas , como solução para toda situação ruim que passamos. Porém, na madrugada andante preferi pensar sobre o que é compreensão.
A compreensao do outro é fundamental na nossa jornada contra o sofrimento. Fundamental ao processo são os gestos de compaixão, que devemos ousar em fazê-los com frequencia. Assim como ousamos cruzar a rua fora da faixa todos os dias..
Compaixão é o polimento de si mesmo através do exercício de se auto sujar, se auto punir e se auto mutilar. É dar , mesmo que suavemente um tapa no proprio ego. O não compreender bem os outros, apenas nos força a cada vez mais dizer que o outro nos decepciona.
 
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Av. Afonso Pena, às 13 da tarde

Meados de setembro e os Ipês desnudos de folhas soltam as suas últimas flores. Uma a uma vão caindo sutis. Os galhos  grosseiros, que há um mês atrás  se emolduravam com cores e buquês, agora   se envolvem na nudez. As flores que restam são poucas e anunciam que  tal beleza tornar- se -á uma mera intenção. Uma mera expectativa que só se despertará no ano que vem. 


Na minha frente, caiu a última flor amarela de um galho engarranchado. Ela desceu sublime em um bailado sutil que zombou da lei de Newton. Ao tocar a calçada que  milhares pisam, nenhum som foi ouvido. 

A verdade é que as flores não caem em silêncio! Elas tocam o chão ao som de uma sinfonia complexa de mais para que possamos ouví-la.