sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Sequencias simultaneas de azar estao condicionadas a anteceder a sorte.

Hoje eu estou aqui. Definitivamente cheguei. Cheguei Após uma madrugada em claro emendada com oito horas de trabalho, três de aula e uma em pé no ponto de ônibus. Uma vez em casa me refestelei em frente a CPU.
Estafado e depauperado, este sou eu no dia de hoje. Um farrapo q tem pena de si diante de um espelho e que apenas se lamenta e se recolhe a uma timidez fratricida ao se comparar com aqueles que são dotados de formas harmônicas concedidas ao acaso pela natureza.

Tenho dedos mudos por sobre um teclado.


Esta frase não é arranjo estético. Não é conotação poética. É a mais real expressão do que sinto. Logo diante de um teclado, que tantos dramas foi capaz de criar nas ultimas semanas, eu não consigo saber o q dizer.

A questão que se coloca, devo dizer, não é devido a falta de inspiração. Não é causada por carência de assunto. Nem perda de verve literária. Ela é o oposto disso, justamente o oposto. Ter demais o que dizer me deixou sem ter o que dizer. A profusão de pensamentos me acorrentou em duvidas, me estancou passivamente diante de uma tela e me ensurdeceu com o silencio.

o silencio veio devido a uma profusão de coisas. Primeiro da estranha sensação q tive ao longo das duas semanas passadas de que todos os azares do mundo caiam em cima de mim. Uma semana de alimentos podres em função de uma geladeira que teimava em não ser concertada, um teclado estragado, um computador queimado , um celular que começou a morrer e 21 dias de ansiedade explosiva causadas pela falta de internet nesse período são alguns dos acontecimentos que a mais recente onda de azar me garantiu. Foram insuportáveis devo dizer. Abalaram minha saúde e agregaram volúpia à minha pressão..

Tive a impressão de balançar sob os braços dançantes de um Deus sádico e de ser receptor de todos os azares possíveis no mundo. Mais do que isso me reconheci como um ser que se insignifica a cada vez mais. Um ser carente das formas artificiais de conforto na vida.

Foram seqüências simultâneas de azar. É redundantemente repetitivo imaginar em sequencias simultâneas. Se elas são seqüenciais obviamente transcorrem simultaneamente, mas eu aprecio o apetite das palavras. Gosto de salivar a expressão sonora, sorver dos seus temperos cada circunflexo bem cozido. A redundância proposital é a tentativa simplória de se transmitir nos símbolos das letras o impactante efeito de coisas que dificilmente podem ser abstraídas nas mentes daquele q não sentiram o azar ao redor de si.

o fato do azar galopar em seqüência extra-ordinárias diminui ao extremo as chances da manutenção do próprio azar. Isso ocorre em funçao, da lei das probabilidades. Azar em demasia só pode atrair sorte pois, as probabilidades de se atrair mais azar ja foram esgotadas na faze inicial do processo. Após o azar advêm sorte. a nao aparição da sorte evocaria um carater continuo ao azar. Coisa que nao compactua com as leis universais da natureza. azar nao e ato continuo, não é revoluçao celeste e muito menos fluxo de água.

Queira que isso se faça. Minha cota anual de recepção de prejuízos já foi paga

Quero enfim me abrir comigo mesmo. Expor o quanto significa pra min sentir-me feliz todas as manhas de terça quando atravesso as catracas cromadas do ICB. houve um artificio capaz de me anestesiar das raivas causadas pelos prejuizos recentes e este foi a Malacologia. Não saberia descrever a minima parte do prazer que a malacologia me passa, me transmite , me garante. problemas sao esquecidos quando se vê o coração de um caramujo batendo.

Ali diante dos olhos, a válvula pulsa. Na insignificância de um corpo mole ele pulsa. E pode-se sentir o ritmo. Compassado, ligeiro. destemido.. destemidamente ela pulsa diante de ti. Testemunhar a força do vai e vem de uma válvula cardíaca pelo interior translúcido da concha de um pulmonata subverte qualquer tema de postagem. Falar sobre a minha semana de azares não tem importância diante daquilo. Aquilo é visão q nos honra e faz crer na vitoria da ação contra a inercia. Da vitoria triunfal de um calor pulsante por sobre a matéria que teima em permanecer inanimada!