sábado, 22 de dezembro de 2012

Deus abençoe o Cirilo

É um privilégio conhecer pessoas com uma personalidade tão  rara quanto enriquecedora. Aqueles q são foda merecem sempre uma homenagem. Ao observar Cirilo cirilando em uma noite de savassi ja é posível narrar a saga do espetáculo teatral de existencia que ele proporciona toda sexta..


O cirilo 



A luz o machuca e a noite o desperta.
seus cabelos brancos vividos, sabem muito mais que os meus empoeirados livros.

Quando sorri, distende todos os músculos de uma face que arreganha a extensão de um sorriso capaz de rir para o mundo inteiro.

Ele surge na penumbra da madrugada, feito um miasma das sarjetas.

Com o andar torto. Tombando sempre de um lado.
Mostrando q seu corpo delgado é superior demais para adaptar-se à carregar o fardo desestruturado da vida real.

Somente o mundo desconexo dos sonhos e da libertação da mente  tem a flexibilidade  capaz de se apoiar no seu caminhado gingado.
A cada dois passos ele levanta a calça que cai. A Peça de roupa sabe que é incapaz de aprisioná-lo.

Em uma mão leva seu copo enquanto que na outra ele balança seus 5 dedos dispostos a dar carinho.

O vento da noite fria capaz de cortar um desnudo mamilo
É o mesmo que anuncia a todos que lá vem o Cirilo.







terça-feira, 27 de novembro de 2012

Saudação ao 1º Centenário da Fac. de medicina da Universidade Federal de Minas.

Nestes anos que venho trabalhando  na vetusta casa de Guimarães Rosa e JK, aprendi a sentí-la como parte de mim. Ressalto que ela foi um marco na minha vida profissional em muitos sentidos e portanto, é justo considerá-la como minha segunda casa. Justamente por ter tanto apreço a esta casa resolvi escrever alguns versos que saudam os 100 anos de tão nobre instituição. Me encomendaram tal trabalho para que fosse publicado na abertura da espoxição do centenário sendo que, tal publicação não chegou a ser feita. Resolvi não perder a oportunidade de torná-lo público... Transcrevo o texto abaixo que foi escrito por mim aproximadamente em fevereiro de 2011.


Há 10 décadas um caminho de desafios, aberto pelo brilho e entusiasmo de nossos pais e avós, foi sendo trilhado. Foi a caminhada que fez abrirem-se os caminhos. E deste brilho inovador, da audácia arredia contra a adversidade foi gerado o orgulho que sustenta os inúmeros diplomados que passam por estas portas. Portas que se no passado eram de rija madeira vigorosa, feito o espírito que é esperado daqueles que ousam servir ao conhecimento, são hoje claras e transparentes tal qual os horizontes libertários que a sabedoria faz nascer. Homens que aqui entraram humildemente necessitados do saber se obstinaram ao longo de vários semestres para merecer saírem ungidos pela certeza de que a educação libertadora aqui recebida os convencerá mais do que antes da grande ignorância que terão ante os desafios colocados pelo mundo. A tradição por nós erguida não foi a de formar doutores, mas a de diplomar homens e mulheres encarregados de se inconformarem eternamente com os sofrimentos humanos.
Apesar de não estarmos a altura faremos nossas as palavras de Leonardo da Vinci que dizia: “A vida bem preenchida torna-se longa”. E são os passos das centenas de pessoas cruzando diariamente esses corredores que preenchem a vida desta casa. O toque sensível da aurora nestas fachadas faz despertar nas primeiras horas da manhã o som das catracas que ao girar entoam a pulsante celebração da vida em cada andar que se enche, com a agitação dos corredores e o abrir das salas. Foi este espírito e esta movimentação que tornou longa nossa existência. Tal circulação constante de gente assim como o fluxo sangüíneo dos corpos, dispersa os nutrientes que edificam nossa estrutura. A faculdade não só é feita destas pessoas mas se constrói a partir delas que, tal como células de um organismo se dispõe determinadas a cumprirem suas funções desde as primeiras horas do expediente estudando, trabalhando, ensinando, pesquisando, limpando, estagiando, zelando pelo patrimônio enfim fazendo a história.


Através desta exposição, queremos compartilhar singelos fragmentos de uma epopéia ainda inacabada.

Leandro Menezes, acadêmico do Centro de Memória da Medicina de MG

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Virada de Anno Novo em 2010. Indo para Brasília

Minha primeira viagem como mochileiro foi em 30 de dezembro de 2010. Marchei para o coração do planalto, para conhecer o sonho concreto de Niemeyer que se fez armado no coração do sertão. E ainda por cima, sozinho. Enquanto curtia minha insônia no onibus que cruzava a 040 mergulhado em horas e horas de chuva peguei meu bloco de notas e escrevi minhas reflexões sobre o momento.. Só agora tenho tempo de postá-las aqui.. Abaixo segue o texto , diário de bordo datado de 30/12/2010,,


Quinta feira, 30 de dezembro | 2010

Escrevo com certo desnorteio. Hj deixei de lado minha paranóia de prudência  e planejamento para fazer algo totalmente impulsivo. Ainda não me caiu a fichA . A impressão é de que tudo à minha volta, pelo fato de estar acontecendo deveras rápido ou com intensidade demais seja a moldura  momentânea de um sonho.  Tudo aconteceu tão rápido que ainda não me dei conta de que o bilhete amassado na minha mão em instantes me levará para além de  700 km longe de casa. Para o meio do  planalto com o mínimo de planejamento. Sem reservas de hotel, nem programação, nem nada.

Por mais que isto pareça insensato, a minha cabeça martela dizendo que insensato é não viajar.
Em 10 horas estarei no coração de um  continente , na geratriz da pátria.

Por mais que minha decisão pareça impulsiva ela não o é.  A arte dos contornos e a plástica dos desenhos sempre mE despertaram  paixão.  Durante tantas  e tantas vezes em que vi Niemeyer declarando sua atração pela curva eu conseguia sentir o orgasmo de sentidos que ele tentava expor nesta ideia. Tornei-me  fã. Um adimirador, seja viajando nas sinuosas linhas que via nas aulas de historia da arte, seja  nos contos memoraveis de João Amilcar Salgado. Que diga-se de passagem, nunca omite o Jucelinismo da essência de Minas.

A saga da invenção do plnalto central sempre me facinou. Conheci a historia de cada prédio, aprendi sobre o conceito  de cada linha  traçada no plano piloto  mesmo sem ainda tê-lo  conhecido de perto. Hj o desejo disforme  de um dia tocar as curvas  de Brasília  deixou de ser desejo e se tornou ousadia.

Nada mais adequado. Da mesma forma que o ímpeto de JK eu me aventuro pelo horizonte, sem medir os esforços ou escutar o Velho do Restêlo.  A certeza q tenho é a de que seguirei caminhando para conhecer o caminho. São exatamente 19 horas. Estou a meia hora  de embarcar para Brasília a fim de conhecer a alma desta invenção da ousadia.




sábado, 15 de setembro de 2012

Noite Branca?

Ser cristão não é fácil. Ser budistas tambem não. As duas crenças  tem um profundo apego pela ideia de compaixão e fraternidade diante o outro. Infelizmente, tal fundamento no cristianismo  converteu-se mais em retórica. De qualquer maneira é importante percebermos o quanto é dificil praticar tais sentimentos que as duas religiões aqui citadas tanto pregam.
Hj não é um dia fácil para mim. Afinal, os dias felizes são os menos propícios para termos inspiração poética. Cheguei em casa após me sentir desmerecido. É triste  ficar durante a semana inteira levantando uma muralha de expectativas que depois se desmorona em uma implosao descepcionante.  Mas enfim, foi isso que aconteceu. A sexta que tanto prometia se converteu em uma madrugada melancólica. Terminei a tao esperada noite caminhando sozinho por entre as ruas escuras de um bairro onde se ouve o galo cantar às 5 da manha.
Caminhar para mim é um bom exercicio para a mente.  Reflito sobre a vida enquanto ando. É nestas reflexões que percebo o quanto o desafio da vida nos impoe sacrifícios. Com certeza os pensamentos odiosos são mais fáceis de brotar. Tambem ´emuito mais facil pensarmos nas vinganças , das mais variadas formas , como solução para toda situação ruim que passamos. Porém, na madrugada andante preferi pensar sobre o que é compreensão.
A compreensao do outro é fundamental na nossa jornada contra o sofrimento. Fundamental ao processo são os gestos de compaixão, que devemos ousar em fazê-los com frequencia. Assim como ousamos cruzar a rua fora da faixa todos os dias..
Compaixão é o polimento de si mesmo através do exercício de se auto sujar, se auto punir e se auto mutilar. É dar , mesmo que suavemente um tapa no proprio ego. O não compreender bem os outros, apenas nos força a cada vez mais dizer que o outro nos decepciona.
 
 

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Av. Afonso Pena, às 13 da tarde

Meados de setembro e os Ipês desnudos de folhas soltam as suas últimas flores. Uma a uma vão caindo sutis. Os galhos  grosseiros, que há um mês atrás  se emolduravam com cores e buquês, agora   se envolvem na nudez. As flores que restam são poucas e anunciam que  tal beleza tornar- se -á uma mera intenção. Uma mera expectativa que só se despertará no ano que vem. 


Na minha frente, caiu a última flor amarela de um galho engarranchado. Ela desceu sublime em um bailado sutil que zombou da lei de Newton. Ao tocar a calçada que  milhares pisam, nenhum som foi ouvido. 

A verdade é que as flores não caem em silêncio! Elas tocam o chão ao som de uma sinfonia complexa de mais para que possamos ouví-la.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

A vida imita o escame

Nas vesperas de concretizarmso nosso projeto muita coisa parece que vai dar errado. No fim tudo se encaminha para a normalidade. As coisas acabam  se mantendo as mesmas. Por fim, O Vega vai pegar um voo da Boliviana de Aviacion " BoA".  E com chegada prevista as 16:20.

Ou seja o Vega vai viajar de boa chegando às 4 e 20. É muita coincidencia para acharmos q é mero acaso. Antes de cruzarmos a fronteira, o destino nos aplicou seu primeiro Troll.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A uma semana de partir, a primeira noite de insonia

O Vega é a nossa mala,,


Ser brasileiro e não pensar como um é uma merda. Voce se sente um cisne na manada de patos que a todo momento o escamam. Perguntem se eu consegui deixar para a ultima hora o planejamento de uma viagem que corta mais de 5 mil kilometros.. é claro que não. Mais de um ano de planos nao sao suficientes para me fazerem sentir preparado. O angustiante é que nas vésperas de partir é que temos mais atividades concorrentes para resolver. Mesmo estando a quase uma semana de seguir para o Oeste a ficha ainda não havia caído. Tudo parecia ainda distante porém, bastou o Vega sacudir a moita da desistencia para que o evento se mostrasse mais próximo do que se esperava. Como um espectro do além túmulo que vem soprar a beira do seu leito , o medo surgiu. O fato do Vega ameaçar de não ir por ter o seu voo cancelado me deixava fulminado pois, aquilo soava como um mau agouro  sinalizador. " A desistencia do Vega é so uma mostra das merdas q vaum vir" pensei.

Não pensem que foi uma paranóia. desde alguns dias que o Vega ameaça acender a faísca do mimimi perto das folhas secas das nossas expectativas. Crises de pessimismo e ameaças de desistencia foram comuns desde o inicio do ano quando ele decidiu que iria conosco. Toda semana ´e um tal de vou , não vou. Definitivamente ele descobriu a árvore da desistencia,,, como ele não se deparou com nenhuma Eva lasciva que lhe oferecece uma mordida do fruto , o jeito foi se contentar em apenas balançar suas folhas. Ele faz ameaças,,, mas assim como as folhas elas se levam pelo vento.

A ameaça dessa vez foi até seria pois envolvia cancelamento de voo. E porq o voo do Vega seria cancelado? A empresa dele foi a bancarrota. Ta mais quebrada que Braite em ponto de onibus no fim da madrugada. Toda vez q o Vega sinaliza de não ir eu me estresso... mas ele mesmo não se estressa ao pensar em não ir. É foda. Assim eu chego na aduana com mais peso de consciencia do que de bagagem.  Por mais q dê merda , o Vega se livra no final. O pai dele soube que a companhia Aerosur pediu concordata e comprou o voo de outra empresa antes.  Acho q comprou da VARIG. Ufa!
pelo menos agora nesta ultima semana da pra dormir aliviado.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Vinte Onze

Enfim eu me escrevo de volta. Hoje eu me dispus a mais uma vez restabelecer a formalidade de escrever para min mesmo. Pensar que este blog é lido por muitos ou que ele receba avalanches de likes da massa burguesa descolado-conectada deste país emergente seria no mínimo uma síndrome de pretensão. Na verdade isso não me importa. O prazer de transformar estas páginas na enxurrada digital da minha consciência é algo que sem dúvida vale a pena.

Foi praticamente um ano sem escrever. A era 2011 passou em branco nestas páginas. Mas não nas paginas da minha vida. Já disse algumas vezes que postagens escassas são sinal de vida real mais intensa. Isto não é uma regra absoluta é claro porém, é o que me acontece na maioria das vezes. Em uma era com excessos de informação e anseios nossa dedicação acaba ficando diluída. Não precisava ser assim. É lógico que as prioridades relativas ao que fazemos devem partir da administração do tempo.. Ao se organizar tudo é possível mas enfim. .. na prática é diferente. Às favas com o pensamento Fafichesco! Sempre retórico e metafísico. Em era de velocidade digital e praticidade pós moderna o que se assenta no mundo é o pensamento de Mauler. A lógica Mauleriana é a triunfante. E se ela ainda não se impôs como absoluta e amplamente seguida é porque ela ainda não se fez perceber; mas ela vai se fazer. Silenciosamente. Caso você ai, moleque imbecil, não conhece o Mauler vá atrás dele e passe a conhecer o futuro.

O meu 2011 foi intenso. Curtíssimo..

É até difícil traduzir sucintamente a avalanche de coisas que se sucederam neste ano singelo. Ano em que profissionalmente surpreendi a mim mesmo. Ano em que meu estresse pipocou, em que senti na pele o que é ser perseguido, ano em que eu soube recomeçar, soube o que é ter esperança, ter desesperança e em seguida ter esperança de novo. A prosperidade que sonhei veio em dobro, e o trabalho em triplo. No entanto, se engana quem pensar que o “ganhar mais dinheiros” me fez mais feliz. O empenho em me dedicar ao trabalho e a busca de realizações muitas vezes me impediu de viver com mais intensidade e usufruir dos prazeres que poderia ter usufruido. Malditos trad-offs. Ao faxinar minhas memórias posso listar algumas coisas ruins deste ano como por exemplo o estresse que passei ao depender dos ditames burocráticos da Universidade, do medo de não acertar minha vida acadêmica, dos calafrios que me geravam o simples som da palavra RH, a raiva por não ter tempo de praticar exercícios e a inveja que senti daqueles que mesmo gordos e fudidos na vida eram mais alegres que eu. Melhor que isso é relembrar todas as coisas maravilhosas do ano como: os prazerosos raios de sol iluminando a visão de um quarto novo, os sorrisos da Jane, a cachaça de Ouro Preto, o reconhecimento da minha dedicação, a satisfação com o sucesso do Braite, a sensação de vitória ao conseguir me manter em uma posição que muitos queriam me tomar, a maravilha de viagem que fiz em Tiradentes, a companhia preciosa, ainda que curta, de senhores como Massula, Roberto ou do Pardini. Ou o prazer de ter passado o natal em uma companhia mais valorosa do que posso descrever. Tudo isso são amostras do que se passou de importante. São pequenos toques que por mais simples que sejam foram capazes de me transmitir o sentimento de que a vida valia a pena nos instantes em que ocorreram. ..Enfim, isso já ficou longo. Acho interessante concluir me lembrando da chegada de 2011. Passei a virada do ano em um quarto de hotel em Brasília. No coração do pais se concentra a mais alta renda per capta da nação e talvez isto tenha servido como um bom agouro para atrair a tão sonhada prosperidade econômica no ano q se seguiu. O misticismo do planalto central é apenas um dos fatores interessantes daquelas paragens. Foi sem duvida uma viagem corajosa. Uma mochilada de supetão, sem pensar muito e que valeu a pena. Enquanto embarcava no ônibus escrevi algumas notas que postarei a seguir. Para aquele que ousar ler isso.. bom apetite.