Quinta feira, 30 de dezembro | 2010
Escrevo com certo desnorteio. Hj deixei de lado minha paranóia
de prudência e planejamento para fazer
algo totalmente impulsivo. Ainda não me caiu a fichA . A impressão é de que
tudo à minha volta, pelo fato de estar acontecendo deveras rápido ou com
intensidade demais seja a moldura momentânea
de um sonho. Tudo aconteceu tão rápido que
ainda não me dei conta de que o bilhete amassado na minha mão em instantes me
levará para além de 700 km longe de casa. Para o meio do planalto com o mínimo de planejamento. Sem reservas
de hotel, nem programação, nem nada.
Por mais que isto pareça insensato, a minha cabeça martela
dizendo que insensato é não viajar.
Em 10 horas estarei no coração de um continente , na geratriz da pátria.
Por mais que minha decisão pareça impulsiva ela não o é. A arte dos contornos e a plástica dos desenhos
sempre mE despertaram paixão. Durante tantas
e tantas vezes em que vi Niemeyer declarando sua atração pela curva eu
conseguia sentir o orgasmo de sentidos que ele tentava expor nesta ideia. Tornei-me fã. Um adimirador, seja viajando nas sinuosas linhas que via nas aulas de historia da arte, seja nos contos memoraveis de João Amilcar Salgado. Que diga-se de passagem, nunca omite o Jucelinismo da essência de Minas.
A saga da invenção do plnalto central sempre me facinou. Conheci
a historia de cada prédio, aprendi sobre o conceito de cada linha
traçada no plano piloto mesmo sem ainda tê-lo conhecido de perto. Hj o desejo disforme
de um dia tocar as curvas de Brasília
deixou de ser desejo e se tornou
ousadia.
Nada mais adequado. Da mesma forma que o ímpeto de JK eu me
aventuro pelo horizonte, sem medir os esforços ou escutar o Velho do Restêlo. A certeza q tenho é a de que seguirei
caminhando para conhecer o caminho. São exatamente 19 horas. Estou a meia
hora de embarcar para Brasília a fim de
conhecer a alma desta invenção da ousadia.