terça-feira, 27 de novembro de 2012

Saudação ao 1º Centenário da Fac. de medicina da Universidade Federal de Minas.

Nestes anos que venho trabalhando  na vetusta casa de Guimarães Rosa e JK, aprendi a sentí-la como parte de mim. Ressalto que ela foi um marco na minha vida profissional em muitos sentidos e portanto, é justo considerá-la como minha segunda casa. Justamente por ter tanto apreço a esta casa resolvi escrever alguns versos que saudam os 100 anos de tão nobre instituição. Me encomendaram tal trabalho para que fosse publicado na abertura da espoxição do centenário sendo que, tal publicação não chegou a ser feita. Resolvi não perder a oportunidade de torná-lo público... Transcrevo o texto abaixo que foi escrito por mim aproximadamente em fevereiro de 2011.


Há 10 décadas um caminho de desafios, aberto pelo brilho e entusiasmo de nossos pais e avós, foi sendo trilhado. Foi a caminhada que fez abrirem-se os caminhos. E deste brilho inovador, da audácia arredia contra a adversidade foi gerado o orgulho que sustenta os inúmeros diplomados que passam por estas portas. Portas que se no passado eram de rija madeira vigorosa, feito o espírito que é esperado daqueles que ousam servir ao conhecimento, são hoje claras e transparentes tal qual os horizontes libertários que a sabedoria faz nascer. Homens que aqui entraram humildemente necessitados do saber se obstinaram ao longo de vários semestres para merecer saírem ungidos pela certeza de que a educação libertadora aqui recebida os convencerá mais do que antes da grande ignorância que terão ante os desafios colocados pelo mundo. A tradição por nós erguida não foi a de formar doutores, mas a de diplomar homens e mulheres encarregados de se inconformarem eternamente com os sofrimentos humanos.
Apesar de não estarmos a altura faremos nossas as palavras de Leonardo da Vinci que dizia: “A vida bem preenchida torna-se longa”. E são os passos das centenas de pessoas cruzando diariamente esses corredores que preenchem a vida desta casa. O toque sensível da aurora nestas fachadas faz despertar nas primeiras horas da manhã o som das catracas que ao girar entoam a pulsante celebração da vida em cada andar que se enche, com a agitação dos corredores e o abrir das salas. Foi este espírito e esta movimentação que tornou longa nossa existência. Tal circulação constante de gente assim como o fluxo sangüíneo dos corpos, dispersa os nutrientes que edificam nossa estrutura. A faculdade não só é feita destas pessoas mas se constrói a partir delas que, tal como células de um organismo se dispõe determinadas a cumprirem suas funções desde as primeiras horas do expediente estudando, trabalhando, ensinando, pesquisando, limpando, estagiando, zelando pelo patrimônio enfim fazendo a história.


Através desta exposição, queremos compartilhar singelos fragmentos de uma epopéia ainda inacabada.

Leandro Menezes, acadêmico do Centro de Memória da Medicina de MG